Um engavetamento envolvendo seis veículos causou trânsito intenso na tarde desta terça-feira (15/4), na Rodovia Régis Bittencourt, em Embu das Artes (SP), no sentido Curitiba, bem no entrocamento entre a BR-116 e a saída do Rodoanel. O acidente deixou uma pessoa gravemente ferida e continua impactando o tráfego no fim do dia. Confira vídeos.
A faixa da direita segue bloqueada na altura do km 278. Segundo a Arteris, concessionária responsável pela rodovia, há mais de um quilômetro de congestionamento no local. As faixas central e da esquerda estão liberadas para o tráfego.
Durante a colisão, um dos veículos ficou preso sob um caminhão. A vítima, com ferimentos graves, foi encaminhada ao Hospital Geral do Pirajussara. Outras cinco pessoas também se envolveram no acidente, mas não se feriram.
Moradores da região de Embu das Artes manifestaram surpresa e preocupação ao tomarem conhecimento de que a concessão da Rodovia Raposo Tavares para a iniciativa privada pelo governo estadual inclui a construção de uma nova rodovia ligando a Raposo Tavares à Régis Bittencourt. O projeto prevê uma via de quatro faixas, com canteiro central, atravessando áreas de mata preservada e impactando diretamente comunidades locais.
A empresa EcoRodovias Concessões e Serviços, vencedora do leilão para a concessão da Nova Raposo, é a responsável pela execução da obra. O contrato de concessão foi assinado no dia 14 de março de 2025, com publicação no Diário Oficial, dia 18. O traçado exato da nova rodovia ainda será definido, mas o projeto prevê uma opção que partiria do centro de Cotia, passando pela Avenida Dr. Odair Pacheco Pedroso, Avenida Ecologista João de Oliveira Ramos de Sá e Estrada Henrique Franchini, até chegar à Régis. Outro trajeto proposto, faria essa ligação mais próxima da estrada da Barragem, atingindo a Reserva Florestal do Morro Grande em Cotia e áreas de mata de Itapecerica da Serra.
De acordo com o Manifesto Ambiental Embu-Itapecerica Contra Nova Raposo, produzido pela SEAE (Sociedade Ecológica Amigos de Embu) e pela ONG Preservar Ambiental, essa nova estrada pode resultar na derrubada de milhares de metros quadrados de vegetação nativa, afetar cursos d’água essenciais para os mananciais da região e interromper corredores ecológicos utilizados por diversas espécies da fauna local.
“Estudos técnicos já comprovaram a presença de pelo menos 19 espécies de mamíferos nessa região da APA EMBU VERDE. A fragmentação do habitat e o aumento do tráfego de veículos podem levar à redução dessas populações e ao comprometimento da biodiversidade local”, afirmou Rodolfo Almeida, conselheiro da SEAE.
"Além dos danos ambientais", moradores também questionam a falta de transparência e participação popular no processo. Apesar de o governo estadual já estar trabalhando na concessão há quase um ano, não houve audiências públicas em Embu das Artes, Cotia ou Itapecerica da Serra. “Não se trata apenas de uma rodovia, mas de uma mudança estrutural na dinâmica urbana e ambiental da região. A população local sequer foi consultada sobre um projeto que pode impactar sua qualidade de vida de forma irreversível”, afirmou Adriana Abelhão, representante da ONG Preservar Ambiental.
Outro ponto de preocupação dos ambientalistas é a falta de visibilidade que o tema tem recebido na mídia. “Estamos muito preocupados que a imprensa não tem repercutido os danos ambientais às cidades de Cotia, Embu e Itapecerica, ficando limitada a discutir a questão dos pedágios ou os impactos na parte mais urbana do trajeto, próximo a São Paulo. Isso deixa a população diretamente afetada desinformada sobre os riscos reais dessa obra”, afirmou Ricardo Moraes Simi, presidente da SEAE.
Organizações ambientais e movimentos locais, como o Nova Raposo Não (NRN), reforçam a necessidade de soluções sustentáveis para a mobilidade urbana que incluam alternativas de transporte de massa e respeito ao meio ambiente. A mobilização da sociedade civil cresce nas redes sociais e por meio de um abaixo-assinado disponível online.
Mais informações podem ser encontradas no perfil do movimento no Instagram da NRN (@novaraposonao), SEAE (@seaembu) e Preservar (@preservarambiental).
Treze ônibus escolares foram entregues pelo Governo do Estado para as cidades de Itapecerica da Serra, Embu-Guaçu, Juquitiba, Mairiporã, Cotia, São Lourenço da Serra e Pirapora do Bom Jesus.
De acordo com o governo, o investimento na aquisição dos veículos é de R$ 5,5 milhões.
O governo estadual, afirmou que serão encaminhados dois modelos de ônibus, com capacidade para 29 pessoas sentadas e com capacidade para 21 pessoas sentadas.
“Ambos são equipados com dispositivos para garantir a acessibilidade de estudantes com deficiência ou mobilidade reduzida”, pontua o estado.
O Ministério dos Transportes firmou, na última terça-feira (25/3), um novo acordo com a Arteris, concessionária responsável pela administração da Rodovia Régis Bittencourt, para prorrogação do contrato. A repactuação prevê a extensão da concessão por mais oito anos, com término previsto para 2041.
A Arteris é alvo de inúmeras críticas, especialmente pelo trânsito frequentemente caótico, trechos perigosos, sem iluminação e falta de infraestrutura afetando diretamente a rotina de moradores das cidades como São Lourenço da Serra, Juquitiba, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra e Embu das Artes. Os prefeitos das cidades, demonstraram seus descontentamentos durante reunião do Conisud - confira matéria completa.
Nesta reunião feita no dia 12/2, os prefeitos questionaram “a falta de compromisso da Arteris em cumprir o contrato existente, deixando de construir as baias dos pontos de ônibus, as pistas marginais e a terceira faixa”. Também criticaram “os empecilhos criados pela Arteris”, que dificultam iniciativas municipais para melhorias nas margens da rodovia.
Segundo a concessionária, os investimentos previstos nos próximos 15 anos podem chegar a R$ 10 bilhões.
A secretária nacional de Transportes Rodoviários, Viviane Esse, reconheceu os problemas. Segundo ela, a BR-116 entre São Paulo e Curitiba é o principal eixo rodoviário entre a região Sudeste e o Mercosul, mas enfrenta sérios desafios, especialmente em períodos de chuva.
“Infelizmente, parte da rodovia alaga e fica horas interditada. Os traçados mal planejados também causam impacto direto na segurança. O número de tombamentos de carretas é altíssimo. Esse investimento é urgente para que a via se torne minimamente segura e eficiente”, afirmou.
Problemas históricos e pressão por melhorias
O secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, também destacou a complexidade da negociação. “Foi um grande desafio chegar a esse acordo, diante do acúmulo de problemas e da insatisfação da sociedade com a situação da rodovia. Só no ano passado, a via ficou interditada por 54 dias após o tombamento de uma carreta. Precisávamos garantir um projeto que atendesse às demandas e, ao mesmo tempo, fosse viável e atrativo para investidores”, disse.
Antes da realização do leilão — previsto ainda para este ano —, o novo edital será apresentado à sociedade civil e disponibilizado para consulta pública.
Concedida à Arteris desde 2008, a Régis Bittencourt corta 17 municípios e áreas de Mata Atlântica. Ao longo de mais de 15 anos, acumula reclamações por acidentes, lentidão, falta de obras estruturais e impacto ambiental.