Itapecerica da Serra: Justiça concede liminar e obriga Enel a reestabelecer energia em até 24h; multa diária é de 200 mil
Itapecerica da Serra: Justiça concede liminar e obriga Enel a reestabelecer energia em até 24h; multa diária é de 200 mil
Karen Santiago
A Justiça do Estado de São Paulo concedeu, na noite desta quinta-feira (11), uma decisão liminar determinando que a Enel Distribuição São Paulo restabeleça o fornecimento de energia elétrica em Itapecerica da Serra no prazo máximo de 24 horas. A medida atende a ação movida pela Prefeitura diante do apagão que já ultrapassa dois dias em diversos bairros do município.
A decisão foi proferida pela juíza Karine Pizzani Miranda, da 3ª Vara Cível da Comarca de Itapecerica da Serra, que reconheceu a urgência e a gravidade da situação enfrentada pela população após a ventania extrema — com rajadas acima de 120 km/h — que atingiu a região no dia 10 de dezembro.
Interrupção prolongada e serviço essencial violado
No despacho, a magistrada destaca que a interrupção generalizada e prolongada do abastecimento configura falha grave na prestação de um serviço essencial, colocando em risco a saúde pública, a integridade de moradores e o mínimo existencial garantido pela Constituição.
“A paralisação generalizada do abastecimento, causada por falhas operacionais e a ineficiência da requerida em solucionar o problema com a urgência requerida, configura evidente interrupção do serviço essencial”, afirma a juíza.
A magistrada também reforça que o quadro afeta toda a população, com impacto ainda maior sobre idosos, crianças, pessoas com deficiência e moradores que dependem de aparelhos elétricos ou medicamentos refrigerados. Hospitais, creches, escolas e equipamentos públicos tiveram funcionamento comprometido, agravando o cenário emergencial reconhecido pela Prefeitura no Decreto nº 3.971/2025.
Determinações impostas à Enel
A liminar obriga a Enel a cumprir um conjunto de medidas emergenciais imediatas:
1. Plano de contingência detalhado (em até 24 horas)
A empresa deve apresentar ao Município: plano emergencial completo de atuação; cronograma técnico com previsão real de restabelecimento total e seguro da energia.
2. Ampliação do efetivo operacional
A Enel deve disponibilizar quantas equipes forem necessárias para: reparo da rede; substituição de cabos e equipamentos danificados; poda emergencial e remoção de galhos e árvores que representem risco; manobras técnicas para retomada do fornecimento.
3. Garantia de fornecimento contínuo e proporcional
A distribuidora deve priorizar bairros com maior concentração de moradores vulneráveis, além de: hospitais; creches; escolas;asilos.
4. Informações diárias à Prefeitura
A empresa deverá comunicar diariamente o andamento dos reparos e do restabelecimento da energia até a completa normalização.
Município autorizado a contratar equipamentos emergenciais
Diante da omissão e morosidade no atendimento, a Justiça autorizou a Prefeitura de Itapecerica da Serra a contratar serviços e equipamentos emergenciais, sem necessidade de licitação, sempre que necessário para: garantir o mínimo funcionamento de serviços essenciais; assegurar saúde, ordem pública e segurança da população.
A Enel poderá ser obrigada a ressarcir integralmente todos os custos decorrentes dessas contratações emergenciais. Multa diária de R$ 200 mil
A decisão fixa multa diária de R$ 200 mil em caso de descumprimento por parte da Enel, valor que poderá ser ajustado conforme a quantidade de pessoas ainda afetadas pela falta de energia.
A juíza determinou ainda que a própria decisão sirva como ofício imediato à empresa, acelerando seu conhecimento e cumprimento.
Dever constitucional de proteger a população
A juíza reconheceu que o Município atua em defesa do interesse público ao mover a ação: “O Município, ao propor a ação, atua no cumprimento de seu dever constitucional de zelar pelo interesse local e pela saúde pública.”
A decisão reforça que a prestação do serviço público deve ser contínua, adequada e eficiente, conforme determina o Código de Defesa do Consumidor e a Constituição Federal.
Situação segue crítica
Mesmo com a liminar, milhares de moradores permanecem sem energia e, em alguns bairros, sem água — já que o bombeamento depende de energia elétrica. Casos de perda de alimentos, medicamentos e impossibilidade de manter cuidados básicos continuam sendo relatados.
A Prefeitura informou que seguirá acompanhando o cumprimento da decisão e continuará cobrando providências da concessionária.